Explorando os elos entre a cultura Romani e o campo da tradução

O site Translation Romani decidiu manter o uso da palavra Romani em todas as versões traduzidas para este website, inclusive para se referir tanto à língua quanto ao povo de todas as diversas comunidades étnicas ao redor do mundo, i.e. Roma, Sinti, Manuš, Calé, Romanichal, Kalé, e muitas outras. Por favor, leia as importantes notas de nossos tradutores para explicações e outras traduções atualmente em uso local, nacional e regional.

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Translation Romani
Textos Sagrados

Historicamente, os textos sagrados têm desempenhado um papel chave nas sociedades de muitas épocas, preenchendo não apenas as necessidades religiosas, mas também servindo para normalizar e padronizar a língua, promover a alfabetização, e apoiar a autoridade. O início da história da tradução no ocidente é, de fato, estreitamente ligado com a tradução da Bíblia cristã, sendo a Septuaginta  a primeira tradução conhecida, ocorrendo por volta do século II a.c. No final do século IV, Jerônimo (atualmente o "patrono" dos tradutores) foi encarregado de traduzir a Bíblia para o Latim, com a Vulgata se tornando a maior fonte de referências para as traduções posteriores em outras línguas. Com o advento da impressa na Europa do século XV, a tradução da Bíblia foi levada para muitas línguas vernáculas (alemão, francês, inglês),  e com isso, não só a tornou mais acessível para a população em geral como também "validou" o uso do vernáculo. A versão bíblica para o inglês do Rei Tiago continua sendo uma influente referência religiosa e literária nos dias de hoje. A tradução de Lutero, no século XVI, tem o crédito de padronizar a língua alemã. Durante o século XIX, a Bíblia passou a ser traduzida para línguas que não tinham tradição escrita, como por exemplo para o Ioruba e o Quéchua. Eugene Nida, das American Bible Society, é muito conhecido pelo seu trabalho pioneiro nesta área e pela sua aplicação na teoria da tradução ocidental moderna. O Summer Institute of Linguistics (SIL) continua a apoiar traduções da Bíblia para muitos idiomas, e mantém o Ethnologue, um dos maiores bancos de dados de línguas no mundo. As tradições históricas de tradução dos textos sagrados, nas diversas áreas do mundo, constiuem atualmente uma dinâmica área de pesquisa. É estiimado que as traduções dos textos budistas, por exemplo, que ocorreram durante os séculos II e III para as línguas vernaculares indianas, sânscrito, e chinês, quando os estudiosos do budismo indiano viajaram para China.

Diferentes comunidades Romani abraçam diferentes denominações religiosas.  As pesquisas mostram que elementos do hinduísmo primitivo da Índia estão presentes em algumas práticas atuais de culto, por exemplo, nas peregrinações para Sara e Kali em Santa-Maria-do-Mar (França), em referências linguísticas à deidade Vayú, e nos conceitos rituais Ayurvédicos  de pureza e poluição. Os grupos Romani conheceram o cristianismo primeiro na Armênia, mas fizeram um contato mais firme enquanto em Bizâncio na Anatólia. Uma vez na Europa, eles foram algumas vezes alvo de perseguições por autoridades religiosas. No entanto, a maioria adotou o cristinanismo, que assume várias formas nas comunidades Romani : catolicismo romano, protestantismo, evangelicalismo e cristianismo ortodoxo. Outra importante religião é o islamismo, que é difundido na Turquia e nos Balcãns. É amplamente adotado na Bósnia e Herzegovina, e entre a população de Šutka, um subúrbio de Skopje, na Macedônia. As primeiras traduções de textos religiosos para o Romani eram mais provavelmente orações cristãs, sendo a primeira tradução da Bíblia materializada apenas no século XX. Atualmente existem traduções de passagens da Bíblia para vários dialetos diferentes : Kalderaš, Lovari, Usari, Baltic, Sinti, Balkan, Pan Rromani, assim como para Erlii. Matéo Maximoff traduziu o Velho Testamento para o dialeto Kalderaš, e Valdemar Kalinin traduziu a Bíblia para o Romani Baltic. Nos tempos atuais, muitas comunidades Romani se juntaram a igrejas Romani, e abraçaram o evangelicalismo e a igreja Pentecostal, que tem crescido em importancia em alguns países da Europa desde o contato com o francês evangélico Clément Le Cossec, em meados do século XX. Matéo Maximoff e Stevo Demeter são dois conhecidos neófitos. Pastores Romani utilizaram traduções Romani e incluíram canções tradicionais Romani em seus trabalhos evangélicos. Alguns textos Bíblicos multilíngues online incluíram o Romani em suas traduções. A mais conhecida Pastoral é a de "Gypsy Smith". Textos mulçumanos também foram traduzidos para o Romani, como foi o Alcorão pelo cantor bósnio Muharem Serbezovski. Sara e Kali continua a ser venerada como uma patrona popular, e em 1977, na igreja católica romana, o Papa João Paulo II beatificou o espanhol Romani Ceferino Jiménez Malla, também conhecido como El Pele.

Referências:

Hancock, Ian, "Romani ("Gypsy") Religion", RADOC, 2001.

Pasqualino, Caterina (ed), "Religions revisitées", Études tsiganes, No. 20, Paris: Études tsiganes, 2004.

Slavkova, Magdalena, “A Critical View of Contemporary Romology: Employing the Evangelical Sources”, Сохань, П., Н. Зiневич (Ред.) Роми Украïни: iз минулого в майбутнэ. Науковi записки. Т. 15. Киïв: Национаљна Академiя Наук Украïни, Институт украïнськоï Археографiï та джерелознавства iм М.С. Грушевського (2008) 385-394.

Tcherenkov, Lev and Stéphane Laederich (2004), The Rroma (2 vols),Basel: Schwabe AG Verlag.

 


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